Da esquerda para a direita, Hugo Galindo, Luiz Eduardo Rocha e Rodrigo Latini, sócios da Zerezes
(Foto: Divulgação)
Por Joana Dale
Publicado em 18/03/2021 07:38
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Quando estavam na faculdade, Hugo Galindo e Luiz Eduardo Rocha decidiram que não queriam ir para o mercado de trabalho tradicional. Os estudantes de design sentiam que tinham poucas opções de crescimento e que seus propósitos não eram representados por nenhuma das grandes firmas cariocas.
Querendo trabalhar com algo mais voltado para o que acreditam, eles decidiram abrir a Zerezes, uma marca de óculos feitos com materiais sustentáveis — sendo o mais recente feito com canudos plásticos reciclados. O faturamento da empresa deve chegar a R$ 7 milhões em 2019.
Quando abriram a marca em 2012, os empreendedores não tinham nenhum investimento. “Começamos com nada, apenas ajuda de amigos e familiares”, diz Galindo.
Segundo os sócios, a dificuldade financeira inicial foi por conta de uma concentração do mercado ótico que já vem acontecendo há alguns anos. “Sobraram poucos fornecedores e também poucas possibilidades de criar coisas novas”, diz Rodrigo Latini, que entrou no negócio há três anos para ajudar na questão financeiro-administrativa do negócio.
Assim, a primeira coleção lançada pela marca foi produzida com madeira coletada das ruas. “Começamos muito pequenos, mas já voltados para a sustentabilidade”, afirma Galindo. Além de reduzir custos, usando materiais garimpados, os jovens conseguiam também trabalhar com mais responsabilidade ambiental.
Sete anos depois de abrir a empresa, essa preocupação continua. Depois de trabalhar com madeira, os empreendedores criaram também óculos feitos de acetato e serragem reciclados — e em dezembro deste ano lançaram uma coleção feita com canudos plásticos. “Queremos inovar”, diz Galindo.
A ideia principal por trás do uso dos canudos veio da observação dos problemas da sociedade atual. “Ele se tornou um resíduo muito notório e uma oportunidade”, afirma Galindo. Além disso, a criação dos óculos levanta uma discussão sobre o consumo do plástico e tenta trazer uma solução.
De acordo com os empreendedores, mesmo com o crescimento do negócio, eles nunca perderam essa preocupação com o meio ambiente, porque é também algo importante para os clientes. “O consumidor quer um produto que tem uma história”, diz Galindo.
Para Latini, essa questão se tornou mundial e vivemos com uma geração muito atenta a isso. “A sustentabilidade tem que ser um dos fatores mais importantes em uma empresa hoje”, diz. “Não dá mais para pensar apenas em lucro”.
Apesar de terem começado muito pequena, a Zerezes hoje tem cinco unidades na cidade do Rio de Janeiro. Os sócios pretendem expandir para o resto do Brasil a partir do ano que vem, começando por São Paulo. O tíquete médio das armações é R$ 450 e o faturamento em 2019 deve chegar em R$ 7 milhões — dependendo das compras das festas de final de ano.
Os empreendedores afirmam que não pretendem tornar a marca uma franquia e querem expandir com lojas próprias. Além disso, a empresa tem um foco muito grande no e-commerce. “O futuro vem muito digital”, diz Latini.
Óculos de grau
No começo, os sócios vendiam apenas óculos de sol, mas em 2018 começaram a vender também lentes com grau, para pessoas com dificuldades de visão. “Foi uma questão de demanda dos clientes e também própria”, afirma Latini.
No mercado ótico, atualmente, eles afirmam que existe uma falta de transparência em relação a preços e especificações das lentes.
Em virtude de os óculos de grau serem uma necessidade grande para a maioria da população, as poucas empresas que fazem o serviço abusam do consumidor. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, em 2050 metade da humanidade será míope, doença que exige o uso de armações. “O mercado se vale dessa responsabilidade para vender mais”, diz Galindo.
De acordo com os sócios, isso acontece por conta de uma separação muito grande entre consumidor final e líderes de mercado. “Existem muitos intermediários na indústria ótica”, afirma Latini.
Assim, desde o ano passado a empresa vem trabalhando com óculos de grau e a partir de 2020 pretende lançar um novo projeto nesse sentido. Os sócios ainda não abrem detalhes de como funcionará, mas afirmam que será um novo modelo de negócio. As únicas dicas foram que o foco será no digital e também no cliente.
Fonte: Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios